A Viognier (pronuncia-se “Viohniei”) é uma uva branca proveniente da França, mais precisamente do norte do Rhône. O país detém a maior quantidade de vinhedos Viognier do mundo. Por lá, é frequentemente misturado com a uva tinta Syrah, para adicionar complexidade e estabilizar a cor dos vinhos tintos. Aqui na Vinícola Família Salton, a Viognier cresce na Serra Gaúcha e dá origem ao Atos Branco de Maceração, ao lado da Malvasia.
Escrito por Paula Daidone - Sommelière e especialista em marketing de vinhos
Como é a uva Viognier
A Viognier é uma uva muito versátil e que dá origem a estilos distintos de vinho, desde exemplares leves e aromáticos até encorpados e untuosos. A uva tem estrutura suficiente para suportar o envelhecidos em carvalho, o que lhe proporciona uma riqueza semelhante à do Chardonnay. Por ser uma uva com alto teor de açúcar, é muito utilizada para produzir vinhos de sobremesa, principalmente do estilo colheita tardia.
A Viognier tem aromas exuberantes e que remetem à frutas e flores, como tangerina, manga, madressilva, pêssego, damascos, flor de maio, pêssegos maduros e almíscar. O paladar revela textura untuosa e é encorpado. Tem acidez baixa, teor alcoólico médio e presença de açúcar residual.
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Viognier na vinha e na adega
A Viognier é uma uva que tem baixo rendimento e é difícil de cultivar. Tanto que na década de 1980 quase foi extinta, pois os viticultores abandonaram o cultivo da variedade. Em 1985, a especialista em vinhos Jancis Robinsons fez um estudo sobre a variedade e identificou apenas 32 hectares de Viognier plantados no mundo todo. Grande parte estava no Vale do Rhône.
A uva tem capacidade de prosperar em climas quentes, tem necessidade de bastante exposição solar para amadurecer por completo. Se adapta particularmente bem em solos calcários, xistosos e graníticos e vinedos bem drenadas. As vinhas apresentam folhas de tamanho médio, com cachos pequenos com bagos também pequenos e de cor amarelo profundo.
Tem brotação e amadurecimento precoce e é vulnerável a doenças que podem resultar na maturação irregular da fruta. A data de colheita deve ser avaliada com precisão, pois a fruta precisa estar totalmente madura para ter seus aromas típicos pronunciados. Porém, se ficar muito tempo na videira, a Viognier perde sabor e acidez. Isso pode resultar em vinhos excessivamente alcoólicos e desequilibrados.
Na adega, os produtores precisam encontrar um equilíbrio entre o frescor e os níveis de álcool, pois a variedade é rica em açúcar e pobre em acidez. A bâtonnage e a fermentação malolática são comumente empregadas para adicionar peso, sabor e complexidade.
Entenda o que é fermentação malolática e bâtonnage
Harmonização de comida com Viognier
Como essa uva tem notas frutadas muito presentes, pratos agridoces ou com furtas no preparo são bons acompanhamentos para ela. Principalmente os que levam laranja ou outras frutas cítricas e ainda ervas aromáticas (como manjericão e estragão).
Experimente servir:
Lombo ao molho de laranja;
Salmão com molho de maracujá;
Ostras com vinagrete de manga;
Paella;
Risoto de queijo brie com damasco e frango ao curry.
Por ser uma uva naturalmente doce, é possível combinar o vinho com algumas opções de sobremesa. Escolha doces que sigam as mesmas características de aromas e sabores, mas que não sejam muito açucarados. Neste caso, é melhor optar por sobremesas em que a fruta esteja em evidência.
Prove com cheesecake de laranja,
Crepe suzette;
Torta de iogurte;
Laranja cristalizada;
Panna Cotta de Maracujá;
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Comidas condimentadas e apimentadas também podem ser combinadas com a Viognier. A presença de fruta no paladar e o açúcar residual que é encontrada na uva amenizam a percepção do apimentado, deixando a refeição mais delicada.
Pratos das culinárias tailandesa, mexicana, coreana e indiana encontram um conforto com a Viognier.
História da Viognier
A Viognier é historicamente cultivada no vale do norte do Rhône e encontrou sua expressividade nas pequenas Denominações Condrieu e Château Grillet. A origem histórica precisa da variedade é desconhecida, mas muitos acreditam que ela remonta ao Império Romano.
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Segundo registros históricos, o Imperador Romano Probus importou videiras de Viognier da Dalmácia (na atual Croácia) e plantou-as na pequena zona de Condrieu em 281 dC, como forma de substituir os vinhedos destruídos pelo Imperador Vespasiano, que o antecedeu. Diz a lenda que Vespasiano destruiu as vinhas de Condrieu após uma rebelião dos habitantes locais, atribuindo o motim ao consumo excessivo do vinho nativo.
Quando os romanos foram expulsos da Gália no século V, as vinhas permaneceram sem cultivo durante séculos, mas foram revividas pelos habitantes locais no século IX. A variedade se espalhou para o vizinho Château Grillet e de lá para o palácio papal de Avignon no século XIV.
Na década de 1960, as plantações de Viognier diminuíram drasticamente, até serem quase extintas na década de 1980. Só a partir do ano 2010 é que a Viognier voltou a ter relevância na produção mundial de vinhos. figurar entre as uvas mais cultivadas do mundo.
A Califórnia foi uma das grandes responsáveis pelo retorno da variedade. Outros países do Novo Mundo, como Austrália, Chile e Argentina, também aderiram à casta. Agora é a vez do Brasil figurar entre os produtore de Viognier, através do Atos Branco de Maceração da Família Salton.