Essa história começa na Itália, em 1878, quando Antonio Domenico Salton partiu da cidade de Cison di Valmarino, na região do Vêneto, à procura de oportunidades melhores no Brasil. Ele se instalou na colônia italiana de Vila Isabel, hoje conhecida como a cidade de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul.
A empresa foi formalmente constituída em 1910, quando os irmãos Paulo, Angelo, João, José, Cesar, Luis e Antonio deram cunho empresarial aos negócios do pai, o imigrante Antonio Domenico Salton, que vinificava informalmente, como a maioria dos imigrantes italiano. Os irmãos passaram a se dedicar à cultura de uvas e à elaboração de vinhos, espumantes e vermutes, com a denominação “Paulo Salton & Irmãos”, no centro de Bento Gonçalves.

Um século depois, a Salton é reconhecida como uma das principais vinícolas brasileiras, líder na comercialização de espumantes nacionais no Brasil. Hoje, à frente da vinícola, membros da quarta geração da família preservam o legado de seu fundador, Paulo Salton, amparados nos valores construídos ao longo dos mais de cem anos de história e inspirados pela simplicidade e pelo trabalho árduo das primeiras gerações.
Em 1878, Antonio Domenico Salton, natural de Cison di Valmarino, região italiana do Vêneto, desembarca no Brasil em busca de oportunidades, como muitos outros imigrantes da Itália. Instalou-se na colônia Dona Isabel (hoje Bento Gonçalves), onde casou-se com a também imigrante Lucia Canei, com quem teve dez filhos. Em 1884, fundaram uma “casa di pasto”, em frente à Igreja Matriz. Ali hospedavam viajantes, serviam refeições e também comercializavam queijos e embutidos. O vinho servido na casa era produzido com uvas colhidas nas parreiras nos fundos da instalação.
Paulo Salton, o filho mais velho, assume o negócio da família após o falecimento do pai. Em 1910, a “casa di pasto” é formalizada e, em 1922, passa a se chamar “Paulo Salton e Irmãos”. Os já empreendedores irmãos José e Cesar levam os negócios da família para São Paulo, principal centro econômico na América Latina e, em 1948, inauguram ali uma unidade da Salton.
A vocação da família se deu alguns anos antes, em 1933, quando iniciou-se a elaboração de espumantes. Sob orientação do pároco local, em 1940, Antonio “Nini” Salton, o primeiro enólogo da família, elabora o “Vinho Canônico”, seguindo a receita do Vaticano. Até hoje elaboramos e distribuímos o vinho que faz parte das liturgias em igrejas de todo o Brasil. Após o falecimento de Paulo, a empresa passa a se chamar “Vinhos Salton S/A - Indústria e Comércio Ltda.”, em 1967 e, posteriormente “Vinícola Salton S.A.”.
Na década de 1960, a Salton obtém a distinção de fornecedora oficial da Presidência da República, com o vinho Presidente, um dos primeiros vinhos brancos a ter destaque nacional. Jânio Quadros, em 1961, escolheu seu produto preferido, proferindo “o vinho Presidente é meu vinho”. A década de 70 marca dificuldades no setor vitivinícola brasileiro, que apresenta menor estrutura do que as multinacionais e maquinário obsoleto. Nesse contexto, a elaboração de vinhos, em Bento Gonçalves, permanece retraída, por isso a estratégia adotada é voltar à atuação para o Conhaque Presidente, produto lançado ainda na década de 1950 e elaborado até hoje, em São Paulo.
A elaboração de vinhos finos, começa em 1999, com a linha Salton Classic. Sob a liderança de Angelo Salton Neto, ocorre um processo de reestruturação na empresa, na busca pela produção de vinhos e espumantes de alta qualidade, com eficiência e padrões internacionais. Uma nova planta produtiva é construída, no distrito de Tuiuty, em Bento Gonçalves-RS. Inaugurada em 2004, a unidade conta com tecnologia de ponta, desde o recebimento da matéria-prima até o envase das garrafas. Visando se tornar referência vinícola no país, a Salton intensifica os investimentos na qualificação de seus produtos, modernizando processos e aplicando técnicas que passaram a permitir a distinção de seus rótulos. O vinho Salton Talento, safra de 2002, é eleito o melhor tinto do ano pelos especialistas, em 2004, colocando definitivamente a Salton entre os principais nomes do vinho brasileiro. O sucesso do rótulo abre espaço para outros vinhos da categoria, como Salton Desejo Merlot e o Salton Virtude Chardonnay.
A tradição permeia os processos, garantindo a essência de nosso trabalho, com a preocupação ao elaborar vinhos e espumantes de uma pequena vinícola, dentro de uma grande empresa. A partir de 2005, assumimos a liderança no mercado de espumantes nacionais comercializados no Brasil (NIELSEN), conquista que se mantém até hoje.
Sob a gestão de Daniel Salton, são iniciadas as atividades na Azienda Domenico, em Santana do Livramento-RS, divisa com o Uruguai. Ali são cultivados 95% de nossos vinhedos próprios, todos em espaldeira e com colheita mecanizada. Passamos a contar ainda ali com uma unidade de recebimento de uvas e de vinificação que inicia o processo de elaboração de espumantes e vinhos que serão concluídos na Vinícola, em Bento Gonçalves-RS. No mesmo ano, tem início também o programa Terroir Salton para a qualificação de viticultores parceiros, com 40 produtores rurais de todo o RS, na época, estabelecendo padrões de excelência no cultivo e manejo de seus vinhedos, com apoio técnico e foco na sustentabilidade.
Diante dos grandes desafios para manter uma unidade fabril em meio à maior cidade da América do Sul, é inaugurado o Complexo Presidente em Jarinu, interior de SP. Isso possibilitou, para além da atualização de equipamentos e da melhoria e otimização de processos, um aumento significativo na produção e o desenvolvimento de novos produtos, nos anos seguintes, como vodkas, gin e cachaça.
Maurício Salton se torna diretor-presidente (2018) e Gregório Bircke Salton enólogo e diretor técnico (2020). Ambos da 4ª geração, completam um quadro de diretores jovens e profissionais. Preservar a tradição de uma empresa centenária com o dinamismo de uma companhia em constante transformação se torna o principal desafio dessa nova gestão. A Salton se torna a primeira marca nacional de vinhos no topo do ranking Wine Brand Power (Wine Intelligence, 2019), conquista até então exclusiva de marcas estrangeiras e, no ano seguinte, se torna a primeira vinícola brasileira a celebrar 110 anos.
Além de se tornar a marca número 1 de espumantes no Brasil, segundo a consultoria Wine Intelligence e através da pesquisa Adega Ideal, a Salton registra recorde na exportação de espumantes aos Estados Unidos, em 2021. A marca ainda foi responsável por 96% do volume de espumantes brasileiros comercializados, posicionando o Brasil como o 5º maior exportador da categoria, no mercado norte- americano, naquele ano.
No ano seguinte é publicada a 1ª edição de seu Relatório de Sustentabilidade, compilando, de forma abrangente, as ações, o desempenho e os compromissos sustentáveis de forma transparente e acessível. Desde então, compartilhamos anualmente com os diversos stakeholders os principais impactos, desafios, oportunidades e avanços socioambientais relacionados às operações da companhia. Destacamos o 1º inventário de Gases de Efeito Estufa do setor, no país, desenvolvido em parceria com uma universidade, além de projetos que possibilitaram, nos anos seguintes, safras livres de herbicidas em nossos vinhedos próprios. O manejo em harmonia com a natureza, preservando a fauna e flora local ficaram evidentes através de um raro registro do Gato Palheiro Pampeano, um felino altamente ameaçado de extinção, que encontrou abrigo na Azienda Domenico.
Resgatando as origens do negócio familiar fundado por Antonio Domenico e Lucia Canei, no final do séc. XIX, surge a Casa di Pasto Salton. Erguida no roteiro turístico Caminhos de Pedra, em Bento Gonçalves-RS, a Casa foi idealizada para oferecer experiências enogastronômicas únicas, harmonizadas com rótulos premiados e exclusivos, em diferentes ambientes, com o aconchego de um lar. O espaço foi desenvolvido com um enfoque pioneiro em acessibilidade no enoturismo brasileiro. Em parceria com uma universidade local, o projeto possibilita a inclusão de pessoas com deficiência, proporcionando experiências inclusivas e memoráveis.
Além disso, foram lançados, no mesmo ano, o Guia de Acessibilidade no Enoturismo e o Glossário do vinho em Libras, documentos inéditos e gratuitos, frutos de projetos de pesquisa em parceria com a mesma universidade e com a participação de pessoas com deficiência da comunidade.